17.4.09

Árvore

Da terra que semeia, que da vida,
a tudo que nela se faz semente.
ao sol que descansa nela poente.
lua, que se faz no lago refletida.

Do caule, d'ossos e de carne erguido,
cuj'a seiva caminha venosamente,
nas trilhas em azul, e ferozmente,
furta o ar, do pulmão escurecido.

Dos galhos, vívidos ao horizonte,
trepidantes ao afago do vento,
tão sussetíveis a qualquer invento,
à direção que seu ramo aponte.

Das folhas como uma vontade alheia,
um qualquer pensamento despreendido,
d'um sonho opaco, num livro esquecido,
qu'olhar do entardecido folheia.

De mim, como uma árvore antiga,
de olhos já tão duros, centenários,
que perdura entre os doces orquidários,
que tem no vento uma doce cantiga.

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