13.5.09

Hora

As horas que me disponho ausente,
presente comigo e a mais ninguém,
além do tino que me forma alguém
aquém, do que vê, pensa, toca e sente.

As horas da falta do meu apego,
do sossego gasto com pensamento,
alento e lento n'um firmamento
de céu torto, que aos solavancos ergo.

As horas do ponteiro intermitente,
do tempo que sinto gastar na face,
do enlace que sinto gastar na mente.

espelho que desmente a mente agora,
que trinca o vidro fino da ilusão,
que grita nos olhos o firme da hora.


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11.5.09

Primavera

Primavera morre aos pés do verão.
a árvore seca das folhas já findas,
flores que ao vento não são mais bem vindas,
pétalas inodoras voam ao chão.


Primavera doente, do tempo serva.
o pássaro do canto fraco e triste,
no galho frágil. sentado persiste,
observando a morte da flor, da erva.


Primavera já desmancha à partida,
recolhe suas cores ao porvir,
e sabe que é da vida o desistir,
q'a vida sempre vai em despedida.


Primavera morreu, sorrindo às pétalas.

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